
Os meses de verão desde a minha infância até à idade adulta foram passados em Monte Gordo.
Monte Gordo era a praia dos Alentejanos, até se diz que é a praia que mais bronzeia as axilas. Porquê? Porque cada passeio à beira mar é motivo para levantar o braço dezenas de vezes. "Olá, tás bom?", Então, tudo bem?"
Esta história que vou partilhar aconteceu teria eu os meus 16/17 anos.
Nesse ano tinha aberto a 1ª discoteca da aldeia, "Giovanni". E como novidade que era, eram poucas as noites que não passávamos por lá, eu a Balbina (que por coincidência ou não, também esta era a sua praia), e outras amigas.
Numa noite, ao jantar, ficámos a saber que nessa noite não poderíamos sair.
Dizia o meu tio:
"Esta noite vamos ao casino, por isso as meninas vão ficar em casa a tomar conta do João (que teria os seus cinco anos). No máximo, podem ir ao cinema, levam o miúdo e voltam logo para casa."
Os nossos planos estavam completamente estragados, ainda mais, porque tínhamos feito novas amizades e combinado encontro na Giovanni, claro! Mas ninguém teve coragem de contrariar o que tinha sido sentenciado. Outros tempos...
E assim, lá fomos ver um filme de desenhos animados com o primo João.
Mas não pensem que estávamos resignadas.
No intervalo do filme conseguimos convencer o pequeno que o filme não valia nada, e que ele estava cheio de sono, portanto seria melhor ir dormir para no dia seguinte ter muita força para nadar e mergulhar.
Rumámos a casa, deitamos o João, que logo adormeceu, e...
Saímos de casa. Corremos até à discoteca antecipando uma noite bastante divertida. Mas não foi o que aconteceu...
Mal entramos, ainda com os olhos a habituarem-se ao ambiente escuro, sem conseguir distinguir bem as pessoas, fomos vistas.
E por quem?
Pelos nossos familiares, que à última da hora trocaram o casino pela discoteca.
O que se passou a seguir é fácil de adivinhar, não me lembro o que foi dito, mas lembro-me que fomos , na hora, levadas a casa, metidas no elevador, e nem foi nenhuma de nós que carregou no botão do 5ºandar...