domingo, 21 de março de 2010

Peça de Brecht



É nossa obrigação, proporcionar aos nossos alunos experiencias culturais diversificadas.

Como tal, é comum visitarmos com frequência as salas de exposições em Lisboa, Peças de Teatro, exposições na FIL, na Gulbenkian, no CCB, entre outros.

Em tempos, fazia também parte do programa cultural, assistirmos às peças que eram apresentadas no Teatro Garcia de Resende em Évora (quando aqui se exibia bom teatro e com regularidade)

O programa da ida ao Teatro nesse verão era uma encenação de Eugen Berthold Friedrich Brecht . O autor dispensa apresentação e a encenação prometia, estava a cargo do grupo de actores fixo do Teatro D. Maria.

Eu e alguns professores, depois de consultarmos o programa, fizemos reservas e levamos 3 dezenas de alunos de secundário ao Teatro.

A actividade era facultativa. Inscreveram-se os alunos que já tinham adquirido algum gosto pelo teatro. Podemos dizer que em parte os levamos a gostar. Porque de música, pintura ou teatro aprende-se a gostar. E, eles já tinham aprendido.

Sentados, assistíamos ao desenrolar da peça, com expectativa. Expectativa essa que foi aumentando, principalmente para nós professores.

A encenação era dura. Demasiado dura. Na linguagem, na postura e comportamento dos actores.

Nós, cada vez mais apreensivos, começamos a ficar incomodados.

Uma coisa é irmos sozinhos, ou eles, outra é levarmos alunos a assistirem um espectáculo que pode ferir susceptibilidades. Não dos próprios alunos, mas dos pais, quando soubessem da peça a que os seus professores os tinham levado a assistir.

Ao longo do primeiro tempo do espectáculo, fomo-nos afundando nos bancos. Os alunos, alguns, olhavam-nos de soslaio, percebendo o nosso incómodo.

E, os diálogos e o comportamento dos actores na peça, não suavizavam, endureciam, não atendendo às nossas súplicas silenciosas.

Interrupção para o intervalo. A nossa vontade era ficar sentados. Não sabíamos qual seria a reacção dos alunos e já imaginávamos os comentários maliciosos que fariam.

Resolvemos arriscar. Juntamo-nos todos no hall do Teatro. Ninguém fez qualquer apreciação sobre a peça. Como se da lembrança de todos, o que tínhamos assistido no 1º acto se tivesse da memória varrido.

No 2º acto, nada parecia ter mudado. A peça não aliviava nem um pouco o nosso mal-estar. E, assim foi até final.

Já antecipávamos os comentários à saída e nos próximos dias.

Os jovens podem ser bem cruéis e perceberam que a peça a que queríamos ir não era aquela a que tínhamos assistido.

Tinham todos os trunfos na mão, para nos fazerem sentir mal enquanto educadores.

Pois nada do que temíamos aconteceu. A peça parece ter trazido amnésia a todos quantos assistiram. Menos a nós claro.

Mas curiosa e admiravelmente, nem nessa noite, nem nos dias ou meses seguintes, ninguém se referiu á dita peça, que molestou mais as nossas mentes retrógradas do que as cabeças arejadas dos nossos alunos.

3 comentários:

  1. Aos alunos ensina-se.

    Mas, principalmente, com eles se aprende.

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  2. Não consigo comentar, mas tenho pena de não ter assistido à peça... pois seria divertido ainda hoje dizer à Balb e à Maria J... que tem um gosto LOUCO eh eh eh

    bjs
    O confuso

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  3. hummmmmmmmm
    de certas peças de Brecht são feitas encenações que só visto,,,,,,,,,

    algumas pessimas e pouco fieis, á escrita do autor.

    espero que n tenha sido o caso.

    mas valeu a pena,,,,,,, apesar de tudo,,,

    quero acreditar

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